para bruna
conheço teu passado obscuro
a fúria mansa de quem soube morrer.
cada homem traz em si sua dose de ópio natural. |baudelaire|
enquanto se dizia, ele me disse inteira. cada medo traduzido, cada confissão secreta, eu saindo pela voz de outra pessoa...
aquele menino sou eu.
versos solitários pousam nas maçãs do teu rosto,
é tarde.
os homens passam carregado o rancor que anoitece.
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teus olhos de andorinha machucada
sumiram do campo minado da minha visão
e eu, estarrecida, chupei 13 laranjas podres.
a selvageria dos elevadores
pousam em tuas costas arqueadas.
15 cães passam, a noite esqueceu-se.
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whitman fuma seu cachimbo
enquanto rimbaud declama incêndios.
pudera tua alma, cor de violeta,
perturbar-me com tanto azul.
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imagem: wassilij kandinsky, mit und gegen