terça-feira, 8 de setembro de 2009

chuva

dia estranho, nebuloso. a noite resolve engolir o dia e as 15 horas o mundo nunca pareceu tão menos azul. a cidade de trapos corroída pela chuva. pessoas se expondo nas ruas. o pé lamacento e a pele suada, desconforto interno. no trem o velho cambaleia e todos fingem dormir. o espetáculo mais banal e mais miserável que já se viu. até os cachorros parecem inquietos, entregam-se tão plenamente ao homem que se permite notá-los. com os olhos cheios de alguma coisa que parece ser crença na boa vontade ou excesso de sufoco, pendem a cabeça nas minhas coxas e me olham sorridentes. nos despedimos. a cidade vista pelos vidros embaçados do ônibus ainda vazio e as conversas refletidas nas poças. o estômago urra, quer se revirar, sair de si mesmo. espera, espera! um ponto um pouco mais colorido. na cidade, um homem de pé. gotas lambendo a janela. perdida na cidade perdida. eu me ignoro. freiada brusca. o homem de amarelo ergue as mãos molhadas. os carros cortam o cruzamento desesperados para chegarem a lugar nenhum. a velocidade média do tédio, a velocidade média do caos, A Velocidade Média da Merda. o dia revida lançando jatos débeis de amarelo. anemia contagiosa do céu.

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